Na caminhada do meu ser, fui, sou e serei sempre o que,
        eternamente, sempre fui.

O que aprendi, o que vi, ouvi, falei, pensei, fiz, participei, chorei, sofri,
        gozei — alcancei e perdi, no processo de ser, para alcançar
        o ser pleno.

Fui catador, nômade, sedentário, agricultor, carpinteiro, pescador.
Fui homem.

Procurei a luz na escuridão, a alma nos corpos dos mortos,
        a vida na minha vida.

Fiz luz; gozei a luz dos outros.

Morri tantas vezes, muitas, não sei quantas.
Vivi no alimento, na força dos meus olhos, na plenitude
        do meu pensamento, na expressão do meu interior.
 Fui cantor, menestrel, ator, caminheiro, fui guerreiro, soldado,
        imperador.
Fui homem, criança, mulher.
Fui forte e fraco.

Falei a iguais e a desiguais.
Agredi, sofri, fui perseguido, maltratado.
Sofri desgostos, fui desamparado.
Matei meus irmãos, furtei, fui castigado
        (quantas vezes? Nem sei dizer).
Aprendi.

Queria tudo, sem saber administrar o que tinha.
Fui rico, pobre, fiz o infinito no pensameno, na busca,
        na miséria e na riqueza.

Na indagação da dor, recebi respostas.
Recorri a tudo — queria mais, sempre mais.

Os momentos se sucediam.
Parecia-me que nada mudava, nada me satisfazia; queria mais
        do que mais eu tinha.
Queria o mundo, queria o poder, queria a riqueza.
Eu não sabia que eu queria o meu próprio ser.

Buscava-me em todos e em tudo.

Quando descobri que o que desejava era ser plenamente o meu ser,
        comecei a viver o sentido da totalidade plena do que sou.

Sou eu, em todos os segundos — me procurando, me bastando,
        aprendendo, na força do que vivo, a realização
        plena totalização do meu ser. 

Poema do espírito ANTÔNIO GRIMM
pscicofonado pelo médium Maury Rodrigues da Cruz
em 04/11/1994
retirado do livro: "Identidade Paradoxos"