Em missão de paz

Todos os meses, milhares de pessoas vindas de várias regiões do Paraná e até mesmo de fora do Estado se dirigem até a Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas (SBEE), localizada na região Norte de Curitiba e conhecida por muitos pelo nome de Dr. Leocádio Correia. Essas pessoas, pertencentes a diversas religiões, geralmente buscam alívio e esperança para crises e angústias. E mesmo que não achem lá a resposta exata para o que procuram, sempre saem confortadas, no mínimo, pelos sorrisos, boa vontade e amizade que encontram.

Quem está por trás de tudo isso, há 53 anos, é o professor Maury Rodrigues da Cruz, idealizador, fundador e diretor-presidente da SBEE. Com formação em Ciências Sociais e Direito,pós-graduação em Orientação Educacional e Mestrado em Educação, quem o conhece sabe que ele é um homem simples e discreto.
Já foi professor primário em escolas isoladas, lecionou e coordenou na UFPR e na Faculdade de Direito de Curitiba. Foi também diretor do Museu Paranaense. Hoje, além da SBEE, é diretor-presidente do Museu Nacional do Espiritismo (MUNESPI) e do Lar Escola Dr. Leocádio José Correia, entidade mantenedora da Faculdade Doutor Leocádio José Correia (FALEC), todos com sede em Curitiba.

Como a SBEE começou e quantas pessoas trabalham lá hoje voluntariamente?
Maury Rodrigues da Cruz – O ínicio foi com um pequeno grupo de pessoas que tinham afinidade com a proposta de Leocádio Correia. Hoje, participam em média duas mil pessoas nos estudos doutrinários e 450 no atendimento ao público.

Quantas pessoas são atendidas semanalmente pela SBEE?
Aproximadamente 1.400 pessoas.

Qual o objetivo da Sociedade?
Um permanente trabalho de consciência crítica e autoconhecimento. Propor uma forma diferenciada de ver o mundo: a Doutrina dos Espíritos “não ensina o que se deve pensar, mas ensina a pensar”.

Como a sociedade civil pode ajudar nas obras sociais da SBEE?
Além da manutenção de sua sede, possuímos onze frentes de trabalho. Para isso, é recebido apoio da comunidade com doações em espécie, roupas e objetos usados e novos que são selecionados para distribuição entre os assistidos e bazares de caridade.

Há quantos anos, o médium Chico Xavier nos deixou, interrompendo uma enorme obra social. Em sua opinião, os trabalhos da SBEE dão continuidade a este legado de assistência social no Brasil?
Não há sucessão no espiritismo. Cada médium apresenta um desempenho especifico. Um Projeto Político Pedagógico com constante atualização do currículo e uma dinamização permanente dos programas possibilitam à SBEE um atendimento diferenciado às pessoas que nos procuram.

Como é o seu dia-a-dia? A sua rotina é totalmente voltada para as causas sociais?
Não. Sou professor universitário, advogado, homem público e religioso. Preocupo-me com a fé racional em Deus, o amor ao próximo, o conhecimento e a sabedoria para alcançar com dignidade os saberes sociais.

O que gosta de fazer como lazer, quando não está trabalhando?
Estar em contato coma a natureza, fazer leituras sobre a história da humanidade, visitar museus, antiquários e criar protocolos para a guarda e conservação de antiguidades.

Que livro o senhor está lendo agora?
O Ensaio sobre a Lucidez, de José Saramago, e O Código Da Vinci, de Dan Brown.